segunda-feira, 31 de maio de 2010

Mais um texto que é a "minha cara"


Posso Errar?
(Por Leila Ferreira)

Há pouco tempo fui obrigada a lavar meus cabelos com o xampu “errado”.
Foi num hotel, onde cheguei pouco antes de fazer uma palestra e, depois de ver que tinha deixado meu xampu em casa, descobri que não havia farmácia nem shopping num raio de 10 quilômetros.
A única opção era usar o dois-em-um (xampu com efeito condicionador) do kit do hotel.
Opção?
Maneira de dizer.
Meus cabelos, super oleosos, grudam só de ouvir a palavra "condicionador". Mas fui eu em frente.
Apliquei o produto cautelosamente, enxaguei, fiz a escova de praxe e... surpresa!
Os cabelos ficaram soltos e brilhantes — tudo aquilo que meus nove vidros de xampu “certo” que deixei em casa costumam prometer para nem sempre cumprir.

Foi aí que me dei conta do quanto a gente se esforça para fazer a coisa certa, comprar o produto certo, usar a roupa certa, dizer a coisa certa — e a pergunta que não quer calar é:certa pra quem?
Ou: certa por quê?

O homem certo, por exemplo: existe ficção maior do que essa?
Minha amiga se casou com um exemplar da espécie depois de namorá-lo sete anos.
Levou um mês para descobrir que estava com o marido errado. Ele foi “certo” até colocar a aliança.
O que faz surgir outra pergunta: certo até quando?
Porque o certo de hoje pode se transformar no equívoco monumental de amanhã.Ou o contrário: existem homens que chegam com aquele jeito de “nada a ver”, vão ficando e, quando você se assusta, está casada— e feliz — com um deles.

E as roupas?
Quantos sábados você já passou num shopping procurando o vestido certo e os sapatos certos para aquele casamento chiquérrimo e, na hora de sair para a festa, você se olha no espelho e tem a sensação de que está tudo errado?
As vendedoras juraram que era a escolha perfeita, mas talvez você se sentisse melhor com uma dose menor de perfeição.
Eu mesma já fui para várias festas me sentindo fantasiada.
Estava com a roupa “certa”, mas o que eu queria mesmo era ter ficado mais parecida comigo mesma, nem que fosse para “errar”.

Outro dia fui dar uma bronca numa amiga que insiste em fumar, apesar dos problemas de saúde, e ela me respondeu:“Eu sei que está errado, mas a gente tem que fazer alguma coisa errada na vida, senão fica tudo muito sem graça.
O que eu queria mesmo era trair meu marido, mas isso eu não tenho coragem. Então eu fumo”.

Sem entrar no mérito da questão — da traição ou do cigarro—, concordo que viver é, eventualmente, poder escorregar ou sair do tom.

O mundo está cheio de regras, que vão desde nosso guarda-roupa, passando por cosméticos e dietas, até o que vamos dizer na entrevista de emprego, o vinho que devemos pedir no restaurante, o desempenho sexual que nos torna parceiros interessantes, o restaurante que está na moda, o celular que dá status, a idade que devemos aparentar.

Obedecer, ou acertar, sempre é fazer um pacto com o óbvio, renunciar ao inesperado.

O filósofo Mario Sergio Cortella conta que muitas pessoas se surpreendem quando constatam que ele não sabe dirigir e tem sempre alguém que pergunta:“Como assim?! Você não dirige?!”.
Com toda a calma, ele responde: “Não, eu não dirijo.
Também não boto ovo, não fabrico rádios — tem um punhado de coisas que eu não faço”.

Não temos que fazer tudo que esperam que a gente faça nem acertar sempre no que fazemos. Como diz Sofia, agente de viagens que adora questionar regras:“Não sou obrigada a gostar de comida japonesa, nem a ter manequim 38 e, muito menos, a achar normal uma vida sem carboidratos”.
O certo ou o “certo” pode até ser bom.Mas às vezes merecemos aposentar régua e compasso.

(Leila Ferreira é jornalista, apresentadora de TV e autora do livro Mulheres – Por que será que elas..., da Editora Globo)

sábado, 22 de maio de 2010

Eu penso exatamente como Danuza....


DUAS BOLAS, POR FAVOR - por Danuza Leão


Não há nada que me deixe mais frustrada do que pedir sorvete de sobremesa,contar os minutos até ele chegar e aí ver o garçom colocar na minha frente uma bolinha minúscula do meu sorvete preferido. Uma só.

Quanto mais sofisticado o restaurante, menor a porção da sobremesa.

Aí a vontade que dá é de passar numa loja de conveniência, comprar um litro de sorvete bem cremoso e saborear em casa com direito a repetir quantas vezes a gente quiser, sem pensar em calorias, boas maneiras ou moderação.
O sorvete é só um exemplo do que tem sido nosso cotidiano.

A vida anda cheia de meias porções, de prazeres meia-boca, de aventuras pela metade.

A gente sai pra jantar, mas come pouco. Vai à festa de casamento, mas resiste aos bombons. conquista a chamada liberdade sexual, mas tem que fingir que é difícil (a imensa maioria das mulheres continua com pavor de ser rotulada de 'fácil').
Adora tomar um banho demorado, mas se contém pra não desperdiçar os recursos do planeta.
Tem vontade de ficar em casa vendo um dvd, esparramada no sofá, mas se obriga a ir malhar.
E por aí vai.

Tantos deveres, tanta preocupação em 'acertar', tanto empenho em passar na vida sem pegar recuperação...

Aí a vida vai ficando sem tempero, politicamente correta e existencialmente sem-graça, enquanto a gente vai ficando melancolicamente sem tesão...

Às vezes dá vontade de fazer tudo “errado”.

Deixar de lado a régua, o compasso, a bússola, a balança e os 10 mandamentos.

Ser ridícula, inadequada, incoerente e não estar nem aí pro que dizem e o que pensam a nosso respeito.
Recusar prazeres incompletos e meias porções.

Nós, que não aspiramos à santidade e estamos aqui de passagem, podemos (devemos?) desejar várias bolas de sorvete, bombons de muitos sabores, vários beijos bem dados, a água batendo sem pressa no corpo, o coração saciado.

Um dia a gente cria juízo.

Um dia... Não tem que ser agora.

Por isso, garçom, por favor, me traga: cinco bolas de sorvete de chocolate...

Depois a gente vê como é que faz pra consertar o estrago.


(iluminada Danuza...)

segunda-feira, 29 de março de 2010

É tempo de Páscoa!


Como eu gosto dessa época!

Faço tudo que tenho direito: decoro a casa com coelhos,flores e cenouras, deixo tudo bem colorido!

Faço "Bolo de Coelho" que já virou uma marca, uma tradição na nossa casa.

De madrugada, escondo os ovos em cestas ou ninhos bem enfeitados para as crianças procurarem e, para os filhos que já cresceram, deixo ao lado da cama para serem vistos logo de manhã.

A Páscoa é uma comemoração com uma energia impressionante.

É renascimento, é renovação, é ressurreição ao pé da letra e esse clima contagia, se espalha sem esforço,mesmo que as pessoas não se dêem conta disso.

Páscoa é festa para estar com a família ou com aqueles que amamos.

Se temos crianças em casa então, aí tudo fica melhor: esconder os ovos,esperar as crianças acordarem e começarem a busca do presente do coelho.

A alegria nos olhos delas quando encontram o ninho ou a cesta escondida com aquele ovo colorido... Que delícia de momento!

O almoço caprichado, a família novamente reunida: trocamos novidades, boas notícias, ou não, mas sempre um reencontro, uma confraternização um encontro de amor.

Para os religiosos, a festa máxima, a confirmação, a missão do Filho de Deus cumprida e tudo mais.

Para os não religiosos, dias de descanso, de paz de encontros e reencontros.Dias de amor.

Enfim, a Páscoa é uma festa que faz bem para o coração.

Uma Feliz Páscoa a todos!

domingo, 14 de março de 2010

Acabando o verão!




Pois é, este é o último domingo deste verão estúpidamente quente que vivemos este ano!


Dia lindo, já saí para andar no parque, tomar um suco de laranja bem gelado, comprar o jornal...enfim um dia sem pressa como têm que ser os domingos, especialmente este que ,eu espero, leve esse calor absurdo embora.


Quem me conhece sabe que detesto o calor.
Passo mal, fico irritada, acho deselegante ficar suando em bicas o dia todo,o cabelo "gruda", a roupa fica molhada, a gente não dorme direito,enfim não gosto, isso sem falar do "horário de verão" que sabota meu sono precioso da manhã.

Eu durmo muito tarde, e o soninho da manhã é tudo de bom,portanto, detesto também o horário de verão.

Mas, como tudo na vida, ele já acabou e o verão está no fim.

Quero que esfrie.

Quero tirar meus casacos do armário, minha botas e meus cachecóis.

Quero que neve !!!!!!!!!!!!!!!

Aí sim: dormir enrolada no edredon, chocolate quente, temporada dos caldinhos.um passeio em Campos do Jordão....maravilha!
Seja muito bem vindo o Outono de 2010!




sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

É Carnaval!


Com esse clima no ar não dá prá falar de outra coisa hoje.

Apesar de estar em casa, em frente ao micro nesta sexta "abre alas" tenho que assumir minha paixão pelo Carnaval.

Gosto muito.

Sempre gostei.

Minha família sempre curtiu o Carnaval e isso passa de geração para geração.

Minha mãe e minha tia Nininha eram alternadamente "Rainhas do Carnaval" de Campos do Jordão todos os anos.

Nós,os filhos, íamos às matineés desde bem pequenos e sempre muito fantasiados, e era uma festa só aquela semana antes do carnaval, com a preparação das roupas,compras de fardos de serpentina, sacos de confete, e eu ainda me lembro de carnavais com aquele spray dourado e gelado de lança-perfume que anos depois foi proibido.

Os melhores Carnavais de minha vida foram em Caçapava, evidente.

Adolescentes, já podíamos ir ao Clube Jequitibá à noite e, para ficar melhor ainda, o Carnaval começava na 6ª feira com uma Festa da Cerveja.

Então eram 5 noites e 3 matineés.

Minha mãe fazia as fantasias durante o dia para usarmos à noite ("sarongs"),e como meu pai não permitia decotes e pernas de fora, ela alinhavava e dizia baixinho:"No salão, é só puxar a linha..."

Era maravilhoso.

Sempre chegavamos antes do baile começar para ficarmos na entrada vendo quem chegava para o baile, quem chegava-com-quem,enfim, para "programar" nosso baile.

E lá estávamos infalívelmente, Bia, Flávia, Virgínia, Ana Rita, Teca,eu e minha irmã e os amigos iam chegando e a turma se formando: Luciano, Kiko, Daniel, Roberto,Jorge...todos e dançavamos juntos a noite toda.

Eu particularmente gostava de dançar no palco,(minhas amigas também) tipo "Chacrete" da minha época ("coleguinha do Huck hoje) pois lá de cima se via tudo o que se passava no salão, para depois ter assunto o dia todo no dia seguinte, é claro.

Havia uma sequência: samba,samba enredo das escolas , marchinhas e marcha-rancho (prá criar aquele clima e a gente poder "namorar" no salão).

O clube lotava.

Nas mesas ficavam os pais ou os mais velhos das famílias que iam para toma conta da gente (só por Deus!) e, msmo assim, nossos carnavais eram estúpidamente bons e inesquecíveis.

Quando tive os meus filhos, não foi diferente.

Também foram a todas as matineés, bem fantasiados, chegaram a ganhar concursos de fantasias e aprenderam, como eu aprendi a gostar do carnaval como uma festa de alegria como ele deve ser sempre.

Hoje, cada um passa o Carnaval onde quer, e claro já não vão comigo a lugar algum, mas é a vida seguindo seu rumo...

Confesso que não vejo mais aquela beleza nos bailes.

Não consigo associar "axé", "funk" e "rap" ao Rei Momo, mas talvez seja porque os tempos são outros...não é?

De qualquer forma, o que importa é que cada um seja feliz a seu modo, sempre.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Pausa nas histórias....Olhem que presente!

Recebi essse texto de uma amiga hoje, e é impossível não dividir esse prazer dessa leitura.
O texto é meio " a minha cara" e precisa de registro.
Um grande beijo para Angela Bravo pela inspiração.
""Não me dêem fórmulas certas, porque não espero acertar sempre.
Costumo acertar de vez em quando...E quando acerto,acerto pra valer!...E como vale a pena...
Não me mostrem o que esperam de mim, porque vou continuar sendo eu mesma,e fazendo as coisas do meu jeitinho...à minha maneira.
Não esperem que eu seja quem eu não sou ; eu sou eu mesma – um somatório de defeitos e qualidades,porque simplesmente SOU HUMANA.
Transparente.
E MUITO GENTE.
Não me convidem a ser igual, porque, sinceramente, sou diferente.
Não sei fazer nada pela metade, nem voar com os pés no chão,mas continuo fazendo,muitas coisas,e aprendendo,diariamente.
Não sou sempre a mesma ; tenho instabilidades ocasionais e estou sujeita a elas e ,com certeza não serei a mesma nunca,jamais,em tempo algum,dia nenhum!...
Minhas variáveis fazem parte de mim e eu me gosto assim.
Choro quando estou triste e continuarei chorando porque Deus me deu as lágrimas e a minha emoção que as provoca.
São elas,as lágrimas,que lavam a minha alma.
Rio e dou boas gargalhadas quando acho que vale a pena,pois RIR ainda é O MELHOR REMÉDIO...
Apesar de todas as curvas do caminho,de tantas pedras lançadas e dribladas,ainda encontradas,eu continuo amando,e sonhando,e acreditando que TUDO VALE A PENA SE A ALMA NÃO É PEQUENA.
Como dizia o poeta,Fernando Pessoa,
QUEM QUER PASSAR ALÉM DO BOJADOR TEM DE PASSAR ALÉM DA DOR...
E eu sou poeta...e aprendi a AMAR.
Que a minha suscetibilidade e a minha loucura sejam perdoadas...
Pelo menos por DEUS.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Amigos para sempre.


A adolescência sempre teve esta característica: tudo é muito intenso, todos os dias.

Tudo é para hoje, para agora pois parece que o mundo vai acabar amanhã de manhã.

É a fase da emoção total.

A razão não se impõe (como deveria, diga-se de passagem) e não se pode perder um minuto nunca.

Você consegue se lembrar do nome de todos os seus "melhores" amigos da adolescência?

Dos 15 aos 18 anos a gente ri muito, chora muito, ama muito, se apaixona muito, odeia muito,sofre muito, enfim tudo é muito!

E os amigos são sempre "para sempre", não é?
As melhores lembranças são de 1972,da turma do Colegial e os amigos comuns.

Vou tentar: Bia Inhesta, Flávia Madureira, Nazira Madureira, Ana Rita, Virgínia Gazola, Teca, Sheila Rossi, Jandira, Angela Brom, Ana Tereza,Ivanise,Marciana, Marisa Régis,Picida "da Lu", Sissi ,Giovanelli,Antomio José, Daniel, Luis Faria, Lilla,Regina Otsuki ,Maria Leite,Regina Vieira,Kiko, Luciano Mistura,Gilmar,Olda e Nair,Silvia Rocha, Marisa Costa, Marilene,Vera Cunha, Jorge Falcão, Matarezzi, Claudio Fonseca, Roberto Bravo,Luso, João Lobo, Ary Lobo,Abrão, Carpinetti, Marta, Mané da Fanfarra,Cesar Barbieri, João Paulo ,Pascoal, Pierre, Dimas "Cascão", Lúcio Lara, o "Boy" (irmão do Maurício de Souza),os 3 irmãos Lacava, Rosana Lapadula e...tantos outros grandes amigos que marcaram minha vida para sempre.

Alguns, amigos do peito até hoje, 40 anos depois...

Outros já se foram, alguns muito cedo, outros mais recentemente...

Alguns faziam parte do grupo da igreja.

Uma parte da turma fez o Shalom: um retiro de jovens muito em moda na época que nos mantinha muito unidos em volta do Monsenhor Theodomiro Lobo e do padre Luiz Albino Bertollotti que se encarregava de nos manter na casa paroquial como se fosse uma extensão de nossa casa.

Nossos pais também faziam o retiro ( o Cursilho) e reuniões de grupo semanais.

Aos domingos íamos todos á missa dos jovens, e inovamos com uma nova maneira de partipar dela: cantávamos, tocávamos (eu tocava um violão que o Pe. Luiz me deu se eu aceitasse tocar na igreja).Algo muito parecido com a igreja carismática de hoje.

No Carnaval, padre Luíz não queria que fizessemos retiro.Sempre dizia que só provaríamos a ele que estávamos bem formados e éramos bons cristãos no salão do clube.E íamos todos, todas noites e a todas as matinées, sempre nos divertindo muito mas "dando exemplo" de comportamento sadio como ele dizia.

Era tudo muito bom!

Íamos todos a todas as festas, a todos os bailes, desfiles de 7 de setembro, participávamos de ginkanas do aniversário da cidade, passeios de bicicleta na cachoeira, no sítio do João Paulo e, aos sábados, íamos ao "footing" (hoje se chama "azaração") na Praça da Bandeira e mais tarde ao Xodó,a lanchonete "point" da época, onde se podia dançar também, e,os maiores de 18 anos tomavam "Cuba Libre".

Aos domingos, invariavelmete à piscina do Clube Jequitibá.

Sempre todos juntos, todos os dias da semana em todos os lugares.

Realmente, era tudo muito bom!

Você já foi a um Baile de Debutantes??????

Antes de mais nada, sabe do que se trata?
Pois é, naquela época.... morando na maravilhosa Caçapava, havia como em todo lugar, o Baile de Debutantes.
Esse baile marcava a passagem da menina para a adolescência e, toda garota de 15 anos, de boa família devia ser apresentada à sociedade local neste baile, e a partir de então já poderia namorar.
Antes não, era criança ainda. Não ia a bailes, não namorava, não saía à noite, enfim lugar de criança era em casa , na igreja ou na escola.
Mas, finalmente, o1º grande evento da minha vida.
Aliás, o 1º que interessava (antes foi a 1ª comunhão, a crisma, a formatura do ginásio (!?!) que na realidade importavam para os pais e os familiares).
Agora sim: era o meu 1º baile, o 1º sapatinho de salto alto,vestido longo, cabeleireiro, maquiagem, manicure, enfim quase "um dia de noiva".
Na cidade não se falava de outra coisa.
Como será o vestido? Como vai ficar o cabelo?Quem estará lá?
A Orquestra: "The Modern Tropical Quintet"
O Anfitrião: Murilo Nery famoso comentarista da TV na época (um artista!)
A 1ª valsa a gente dançava com o pai, depois com o padrinho e a 3ª com o já autorizado 1º namorado.
Para a confecção do meu vestido, mobilizou-se a família toda.
Mãe, avó e tias, todas na 25 de Março em São Paulo, escolhendo o tecido mais bonito, o mais deslumbrante, pois, como vocês já sabem, eu tinha que arrasar.
O sapato forrado no mesmo tecido do vestido eu devia ter guardado para usar no casamento: chiqérrimo! O indefectível colar de pérolas completava o traje de gala.
Meus cabelos estavam curtos, e, logo uma tia arranjou um aplique para um penteado especial.
Comigo, as filhas das famílias notáveis da cidade, todas coreografadas (mil ensaios) para sair tudo perfeito.
O Rotary Club promovia o evento, o Clube Jequitibá (era o Clube da "elite" da cidade) era o local.
A família toda, (lembram-se do comentário sobre a família imensa?) pois é, toda ela estava lá. Viajaram, ficaram em hotel e lá estavam, os tios, tias, avós , os pais orgulhosíssimos.
No começo da festa fomos apresentadas uma por uma, saindo de dentro de uma caixa de boneca. Olha que primor de cerimonial!
Quem era a mais bonita???????????????????
Eu é claro! E ai de alguém que achasse o contrário.
A 1ª filha, a 1ª sobrinha, a 1ª neta a debutar. Era a estrela da festa.
E lá fomos nós para a valsa com o pai, com o padrinho e............. na hora de dançar com o namorado, meu tio Luís boicotou o grande momento. Enciumado, saiu dançando comigo e naquele momento de "glamour total", eu só queria morrer!
E se o gato fosse embora? Se não quisesse mais dançar comigo?
Todas dançando com o namorado e a "boneca" aqui com o tio! Só por Deus!
Alguém merece?
Porém, o amor é lindo, (e graças a Deus sempre foi), assim que terminou a valsa com o tio, lá veio ele: Pedro Luciano, o Madureira, meu 1º namorado, dançar comigo.
Este foi de fato o meu 1º momento de glória total.
Duvido e faço pouco de quem diga que conheceu na vida alguém mais feliz que eu naquele momento.
Não me lembro de como o baile terminou e como foi tudo depois.
Mas sinto até hoje aquela sensação de que aquele era um dos momentos de minha vida para nunca mais esquecer.
E assim foi!

sábado, 30 de janeiro de 2010

Caçapava: a cidade simpatia!

Já de cara odiei o "titulo" do lugar.
Mudamos para lá num dia 24 de janeiro.Mudamos para uma casa quase de esquina, cujo quintal fazia limite com a linha do trem (que passa dentro da cidade) e do outro lado da linha o quartel: o 6º Batalhão de Infantaria do Exército.
Pois bem: acabada de cansada com a arrumação da mudança, dormi o sono dos justos no dia 24 de janeiro.
Às 05:00 hs da manhã, minha cama começou a tremer, as janelas do quarto tremiam, eu achei que era um terremoto (!?!) e aí..., o apito do trem, (eu morava quase na esquina....)Já pude prever o que seria a minha vida naquele instante, enlouquecida já querendo saber os horários do trem.
Passou.
Dormi de novo e.... às 06:00 hs o 1º estrondo, o 2º, o 3º e eu pude perceber que aí sim era o Armagedon!
Aquilo não era o trem...
Que diabos era aquilo? E eu custei a descobrir: era a alvorada do 25 de janeiro, e que numa homenagem ao aniversário de São Paulo, o batalhão começava a festividade com 21 tiros de canhão!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Alguém merece?
Eu jamais ouvira um tiro de verdade, nem de espingardinha de chumbo! Só por Deus!
Mas, Caçapava me faria muitas outras surpresas.
E eu que achei que nos mudaríamos para uma bucólica cidadezinha do interior, quase uma roça! Pois sim,foi a melhor época da minha vida!
Lá não tinha colégio de freiras e nós, eu e meus irmãos, iríamos estudar no colégio estadual: CENE Moura Rezende e, naquela época, era muito difícil entrar no estadual.
O colégio "fraco", fácil de entrar era o particular. Tive que fazer uma prova de admissão (hoje se chama "vestibulinho").
Tocava o sinal, hora da fila impecável e do Hino Nacional. Na classe, limpíssima, arrumadíssima, todos em pé quando o professor entrava.E o curso puxado, obrigava a gente a estudar muito.
Aí eu estava na minha praia!
Professores antológicos que hoje dão nome às escolas na cidade.Dona Cidô, ensinando (e exigindo )o melhor portugês.Dona Daphne, com as magníficas aulas de História contadas como novelas que nos fascinavam, sempre deixando a gente querendo saber como a narrativa continuaria na próxima aula.Prof. Wilson, ensinando desenho e Prof Aury dominando a Matemática como se fosse hoje um grande jogo de video game,(depois as aulas de Matemática foram dadas pelo Prof. Lauro),d Dalva nas aulas de Ciências, a indefectível Iesy Marton com as preciosas aulas de inglês,as aulas de Artes com Prof. jacques (para os meninos) e sua esposa d.Maria (para as meninas) e as aulas de Educação Física com Profs. Nilo,Lucinha,Besi e Caia (irmã da Ana Rita).Como esquecer das aulas de biologia com Prof. Verdi e suas chamadas orais de surpresa,do Prof. josé Maria em Quimica e do Prof. José Maria em Física....E ainda tinhas aulas de Educação Moral e Cívica (será que hoje alguém sabe do que se trata?) com a Prof. Gláucia.
Aliás, não tinhamos nenhum desses recursos de hoje. Para pesquisar qualquer assunto, tinhamos que ficar sócios da Biblioteca Municipal e o que havia de mais moderno eram: o gravador de rolo, o secador cor-de-rosa da Arno (que já vinha com a touca) e, só para os mais ricos, a calculadora (que para nós teve o mesmo impacto do PC doméstico!).
Em agosto, dia 25, dia do Duque de Caxias, o Patrono do Exército, eu participava da Gincana do Duque de Caxias: uma corrida de bicicleta pela cidade, onde encontravamos um soldado em cada esquina do percurso com uma pergunta de conhecimentos gerais na mão e só podíamos seguir se acertássemos a resposta.
Claro que fui eu a vencedora (não preciso entrar em detalhes).
E os amigos, que coisa boa aquela turma.
Amigos de verdade, para todas as horas, sempre todos juntos para todos os acontecimentos.
Alguns, amigos queridos até hoje, outros já morreram (e alguns se foram bem jovens)
A adolescência fluindo sadia, alegre, com uma moçada bem formada, sem vícios, sem malícia, sem medo de ser feliz.
Como disse na apresentação quero falar de todos, ou de quase todos ( a memória hoje não ajuda tanto) e dedicarei um tópico para cada história.
Que bom ter vivido em Caçapava!

Você já achou que sua família não gostava de você?

Pois é, houve uma época que eu não achava, eu tinha certeza.
Foi quando recebi a notícia de que nos mudaríamos para São José dos Campos.Como decidiram aquilo sem me consultar???
No auge dos meus 8 ou 9 anos, e iam me tirar de São Paulo, logo eu a "Patricia - mor" (lembra?).Eu queria morrer, queria outra família, enfim, não adiantou nada e lá fomos nós de mudança.
Em São José fui estudar no Instituto São José, escola Salesiana da melhor qualidade e aí, sosseguei pois percebi que podia continuar "arrasando"' em São José também.Papai logo ficou sócio do Tênis Clube,íamos à piscina aos domingos (eu não sabia nadar mas fingia que sabia achando que estava impressionando,como sempre),às festas na AABB (papai já trabalhava no Banco do Brasil, e a vida fluiu bem.Na escola lá pela 5º ou 6ª série, houve um concurso de redação sobre o Brasil e a França por algum acontecimento da época que não me lembrarei jamais.Só me lembro que ganhei o concurso pois na minha redação, quando eu falava do Brasil escrevia em português e quando fala da França escrevia em francês (era matéria curricular).Por causa disso meu avô João me deu uma coleção Delta Larrousse novinha. Aí sim, eu arrasei: era a "Internet" da nossa época.
Eu lia, eu lia, eu lia, todo dia, sobre tudo, que maravilha, tinha tudo o que eu precisava para estudar, fazer meus trabalhos e saber,saber das coisas, isso prá mim era "tudo", saber das coisas.Sei que hoje isso se resume num termo só: "NERD", não é mas não importava.
Depois de um tempo, novamente, outra mudança: e lá estava eu em pânico de novo.
Mudaríamos para Caçapava.Para mim, plagiando a personagem da novelinha "era a treva!"Mal sabia eu quanta coisa boa viria pela frente....

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Lembranças de São Paulo II

Como esquecer os passeios com a vó Dulce ou com a tia Nininha ao centro de São Paulo.A preparação para o passeio já era emocionante: a melhor roupa, perfume,meia de seda (não se andava no centro de São Paulo sem meias de seda) e lá íamos nós de "troleibus", os ônibus elétricos tão confortáveis e silenciosos, para a Rua Direita, Praça da Sé,Barão de Itapetininga, Viaduto do Chá. O auge do passeio era saborear um"Bauru" nas Lojas Brasileiras da rua Direita.
Com elas, íamos ao Mappin, à Clipper com aquela escada de mármore e um lustre de cristal imenso que me fazia com que eu me sentisse uma princesa.Andávamos de bonde, aliás era de bonde que íamos para o colégio.Fomos à inauguração do 1º supermercado de São Paulo: o Peg Pag, um acontecimento na cidade, só superado, alguns anos depois pela inauguração de um lugar onde encontraríamos todas as lojas juntas, com escadas rolantes.... e lá estávamos nós na inauguração do 1ºShopping Center Iguatemi: era máximo da modernidade. Vimos pela TV o lançamento de um produto incrível: uma colher lava a pia cheia de louça: o detergente (ODD).E, na casa da vó tinha telefone (65-3513) e, se pedíssemos à telefonista uma ligação na 2ª feira, até na 6ª conseguíamos falar com a outra avó em Taubaté.Uma maravilha!

Lembranças de São Paulo I

Moramos antes em Campos do Jordão mas não me lembro deesa época, era muito pequena.Minhas primeiras lembranças começam aos 6 anos quando fomos morar em São Paulo, na Vila Albertina, lá pelo lado de Santana.Daquela casa me lembro da festa de anoversário dos meus 7 anos, do meu pai trabalhando na fábrica da Maizena levando sempre muitas miniaturas de caixinhas de maizena prá gente brincar, e do banho de todas as tardes, quando mamãe nos arrumava para irmos à casa de um vizinho ("seu" Pacotinho!) para assistir TV: o Pim Pam Pum, um programa infantil comandado pela Cidinha Campos patrocinado pelo Bolo Pulmann, Assistíamos estarrecidas, eu e minha irmã, maravilhadas aos desenhos do Pica-Pau em inglês.Uma vez por semana ia a família toda assistir às lutas do Vale-Tudo com Teddy Boy Marino. Aos domingos, o almoço na casa da vó Dulce.Uma família enorme pois além dos 5 filhos, iam os "agregados"e nós os netos que ao longo dos anos "proliferamos".Almoço preparado pela vó, pela Chiquita (que foi babá dos tios e depois tomou conta de nós também,as tias dando palpites,os tios preparando a "caipirinha" sempre uma festa.Discutiam, brigavam e, estavam sempre todos juntos.

Você já achou que estava "arrasando"?

Pois vou lhe contar que desde muito pequena, eu sempre achei que estava!
Hoje sei que devo muito disso a meu pai que se incumbiu de sempre garantir a minha auto-estima nas estrelas.Meu incentivador incansável, meu aplauso perene.Meu pai sempre me fez acreditar que eu era simplesmente "o máximo"! Por conta disso exigia muito de mim: falar corretamente, não usar gírias, escrever melhor ainda. Na escola, a nota máxima era o mínimo prá mim, e com isso aprendi a estudar, e, principalmente a gostar de estudar, (pois era o único meio de chegar ao 10 almejado).Isso começou bem cedo, tanto que quando entrei na escola, já entrei no 2º ano do primário (antiga,não?) pois aos 7 anos já sabia ler, escrever e a tabuada, e,é claro,já achava que estava "arrasando".
Não quero nem imaginar hoje a que duras penas naquela época, meu pai nos matriculou no Colégio Santa Marcelina, na Cardoso de Almeida no bairro das Perdizes em São Paulo (mais "Patricinha" impossível) e eu amava tudo aquilo.Lá fiz a 1ª Comunhão em grande estilo, numa festa inesquecível: um "arraso".E, assim foi grande parte de minha vida.Amanhã tem mais...

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Custou mas me convenceram a registrar minhas histórias e, uma pessoa como eu, na minha idade, tem um montão delas para contar.
Acho que ninguém pode passar pela vida "em branco" e que cada um de nós vai de qualquer forma deixar sua marca.
Poder registrar,contar detalhes,deixar uma opinião bem delineada,é uma ferramenta magnífica para "dar uma mãozinha" à História, não é?
Gostaria mesmo é de ter "batizado" este blog plagiando Roberto..."o importante é que emoções eu vivi!"
Talvez esse fosse o nome mais apropriado mesmo.
Não serei fiel à cronologia.Minhas histórias virão com lembrança,com a dose de emoção que me causaram, com a importância que tiveram na minha vida.
Para cada um que de alguma forma participou de minha vida, será uma homenagem e um agradecimento por ter ajudado a ser quem sou hoje.