sábado, 30 de janeiro de 2010

Caçapava: a cidade simpatia!

Já de cara odiei o "titulo" do lugar.
Mudamos para lá num dia 24 de janeiro.Mudamos para uma casa quase de esquina, cujo quintal fazia limite com a linha do trem (que passa dentro da cidade) e do outro lado da linha o quartel: o 6º Batalhão de Infantaria do Exército.
Pois bem: acabada de cansada com a arrumação da mudança, dormi o sono dos justos no dia 24 de janeiro.
Às 05:00 hs da manhã, minha cama começou a tremer, as janelas do quarto tremiam, eu achei que era um terremoto (!?!) e aí..., o apito do trem, (eu morava quase na esquina....)Já pude prever o que seria a minha vida naquele instante, enlouquecida já querendo saber os horários do trem.
Passou.
Dormi de novo e.... às 06:00 hs o 1º estrondo, o 2º, o 3º e eu pude perceber que aí sim era o Armagedon!
Aquilo não era o trem...
Que diabos era aquilo? E eu custei a descobrir: era a alvorada do 25 de janeiro, e que numa homenagem ao aniversário de São Paulo, o batalhão começava a festividade com 21 tiros de canhão!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Alguém merece?
Eu jamais ouvira um tiro de verdade, nem de espingardinha de chumbo! Só por Deus!
Mas, Caçapava me faria muitas outras surpresas.
E eu que achei que nos mudaríamos para uma bucólica cidadezinha do interior, quase uma roça! Pois sim,foi a melhor época da minha vida!
Lá não tinha colégio de freiras e nós, eu e meus irmãos, iríamos estudar no colégio estadual: CENE Moura Rezende e, naquela época, era muito difícil entrar no estadual.
O colégio "fraco", fácil de entrar era o particular. Tive que fazer uma prova de admissão (hoje se chama "vestibulinho").
Tocava o sinal, hora da fila impecável e do Hino Nacional. Na classe, limpíssima, arrumadíssima, todos em pé quando o professor entrava.E o curso puxado, obrigava a gente a estudar muito.
Aí eu estava na minha praia!
Professores antológicos que hoje dão nome às escolas na cidade.Dona Cidô, ensinando (e exigindo )o melhor portugês.Dona Daphne, com as magníficas aulas de História contadas como novelas que nos fascinavam, sempre deixando a gente querendo saber como a narrativa continuaria na próxima aula.Prof. Wilson, ensinando desenho e Prof Aury dominando a Matemática como se fosse hoje um grande jogo de video game,(depois as aulas de Matemática foram dadas pelo Prof. Lauro),d Dalva nas aulas de Ciências, a indefectível Iesy Marton com as preciosas aulas de inglês,as aulas de Artes com Prof. jacques (para os meninos) e sua esposa d.Maria (para as meninas) e as aulas de Educação Física com Profs. Nilo,Lucinha,Besi e Caia (irmã da Ana Rita).Como esquecer das aulas de biologia com Prof. Verdi e suas chamadas orais de surpresa,do Prof. josé Maria em Quimica e do Prof. José Maria em Física....E ainda tinhas aulas de Educação Moral e Cívica (será que hoje alguém sabe do que se trata?) com a Prof. Gláucia.
Aliás, não tinhamos nenhum desses recursos de hoje. Para pesquisar qualquer assunto, tinhamos que ficar sócios da Biblioteca Municipal e o que havia de mais moderno eram: o gravador de rolo, o secador cor-de-rosa da Arno (que já vinha com a touca) e, só para os mais ricos, a calculadora (que para nós teve o mesmo impacto do PC doméstico!).
Em agosto, dia 25, dia do Duque de Caxias, o Patrono do Exército, eu participava da Gincana do Duque de Caxias: uma corrida de bicicleta pela cidade, onde encontravamos um soldado em cada esquina do percurso com uma pergunta de conhecimentos gerais na mão e só podíamos seguir se acertássemos a resposta.
Claro que fui eu a vencedora (não preciso entrar em detalhes).
E os amigos, que coisa boa aquela turma.
Amigos de verdade, para todas as horas, sempre todos juntos para todos os acontecimentos.
Alguns, amigos queridos até hoje, outros já morreram (e alguns se foram bem jovens)
A adolescência fluindo sadia, alegre, com uma moçada bem formada, sem vícios, sem malícia, sem medo de ser feliz.
Como disse na apresentação quero falar de todos, ou de quase todos ( a memória hoje não ajuda tanto) e dedicarei um tópico para cada história.
Que bom ter vivido em Caçapava!

Você já achou que sua família não gostava de você?

Pois é, houve uma época que eu não achava, eu tinha certeza.
Foi quando recebi a notícia de que nos mudaríamos para São José dos Campos.Como decidiram aquilo sem me consultar???
No auge dos meus 8 ou 9 anos, e iam me tirar de São Paulo, logo eu a "Patricia - mor" (lembra?).Eu queria morrer, queria outra família, enfim, não adiantou nada e lá fomos nós de mudança.
Em São José fui estudar no Instituto São José, escola Salesiana da melhor qualidade e aí, sosseguei pois percebi que podia continuar "arrasando"' em São José também.Papai logo ficou sócio do Tênis Clube,íamos à piscina aos domingos (eu não sabia nadar mas fingia que sabia achando que estava impressionando,como sempre),às festas na AABB (papai já trabalhava no Banco do Brasil, e a vida fluiu bem.Na escola lá pela 5º ou 6ª série, houve um concurso de redação sobre o Brasil e a França por algum acontecimento da época que não me lembrarei jamais.Só me lembro que ganhei o concurso pois na minha redação, quando eu falava do Brasil escrevia em português e quando fala da França escrevia em francês (era matéria curricular).Por causa disso meu avô João me deu uma coleção Delta Larrousse novinha. Aí sim, eu arrasei: era a "Internet" da nossa época.
Eu lia, eu lia, eu lia, todo dia, sobre tudo, que maravilha, tinha tudo o que eu precisava para estudar, fazer meus trabalhos e saber,saber das coisas, isso prá mim era "tudo", saber das coisas.Sei que hoje isso se resume num termo só: "NERD", não é mas não importava.
Depois de um tempo, novamente, outra mudança: e lá estava eu em pânico de novo.
Mudaríamos para Caçapava.Para mim, plagiando a personagem da novelinha "era a treva!"Mal sabia eu quanta coisa boa viria pela frente....

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Lembranças de São Paulo II

Como esquecer os passeios com a vó Dulce ou com a tia Nininha ao centro de São Paulo.A preparação para o passeio já era emocionante: a melhor roupa, perfume,meia de seda (não se andava no centro de São Paulo sem meias de seda) e lá íamos nós de "troleibus", os ônibus elétricos tão confortáveis e silenciosos, para a Rua Direita, Praça da Sé,Barão de Itapetininga, Viaduto do Chá. O auge do passeio era saborear um"Bauru" nas Lojas Brasileiras da rua Direita.
Com elas, íamos ao Mappin, à Clipper com aquela escada de mármore e um lustre de cristal imenso que me fazia com que eu me sentisse uma princesa.Andávamos de bonde, aliás era de bonde que íamos para o colégio.Fomos à inauguração do 1º supermercado de São Paulo: o Peg Pag, um acontecimento na cidade, só superado, alguns anos depois pela inauguração de um lugar onde encontraríamos todas as lojas juntas, com escadas rolantes.... e lá estávamos nós na inauguração do 1ºShopping Center Iguatemi: era máximo da modernidade. Vimos pela TV o lançamento de um produto incrível: uma colher lava a pia cheia de louça: o detergente (ODD).E, na casa da vó tinha telefone (65-3513) e, se pedíssemos à telefonista uma ligação na 2ª feira, até na 6ª conseguíamos falar com a outra avó em Taubaté.Uma maravilha!

Lembranças de São Paulo I

Moramos antes em Campos do Jordão mas não me lembro deesa época, era muito pequena.Minhas primeiras lembranças começam aos 6 anos quando fomos morar em São Paulo, na Vila Albertina, lá pelo lado de Santana.Daquela casa me lembro da festa de anoversário dos meus 7 anos, do meu pai trabalhando na fábrica da Maizena levando sempre muitas miniaturas de caixinhas de maizena prá gente brincar, e do banho de todas as tardes, quando mamãe nos arrumava para irmos à casa de um vizinho ("seu" Pacotinho!) para assistir TV: o Pim Pam Pum, um programa infantil comandado pela Cidinha Campos patrocinado pelo Bolo Pulmann, Assistíamos estarrecidas, eu e minha irmã, maravilhadas aos desenhos do Pica-Pau em inglês.Uma vez por semana ia a família toda assistir às lutas do Vale-Tudo com Teddy Boy Marino. Aos domingos, o almoço na casa da vó Dulce.Uma família enorme pois além dos 5 filhos, iam os "agregados"e nós os netos que ao longo dos anos "proliferamos".Almoço preparado pela vó, pela Chiquita (que foi babá dos tios e depois tomou conta de nós também,as tias dando palpites,os tios preparando a "caipirinha" sempre uma festa.Discutiam, brigavam e, estavam sempre todos juntos.

Você já achou que estava "arrasando"?

Pois vou lhe contar que desde muito pequena, eu sempre achei que estava!
Hoje sei que devo muito disso a meu pai que se incumbiu de sempre garantir a minha auto-estima nas estrelas.Meu incentivador incansável, meu aplauso perene.Meu pai sempre me fez acreditar que eu era simplesmente "o máximo"! Por conta disso exigia muito de mim: falar corretamente, não usar gírias, escrever melhor ainda. Na escola, a nota máxima era o mínimo prá mim, e com isso aprendi a estudar, e, principalmente a gostar de estudar, (pois era o único meio de chegar ao 10 almejado).Isso começou bem cedo, tanto que quando entrei na escola, já entrei no 2º ano do primário (antiga,não?) pois aos 7 anos já sabia ler, escrever e a tabuada, e,é claro,já achava que estava "arrasando".
Não quero nem imaginar hoje a que duras penas naquela época, meu pai nos matriculou no Colégio Santa Marcelina, na Cardoso de Almeida no bairro das Perdizes em São Paulo (mais "Patricinha" impossível) e eu amava tudo aquilo.Lá fiz a 1ª Comunhão em grande estilo, numa festa inesquecível: um "arraso".E, assim foi grande parte de minha vida.Amanhã tem mais...

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Custou mas me convenceram a registrar minhas histórias e, uma pessoa como eu, na minha idade, tem um montão delas para contar.
Acho que ninguém pode passar pela vida "em branco" e que cada um de nós vai de qualquer forma deixar sua marca.
Poder registrar,contar detalhes,deixar uma opinião bem delineada,é uma ferramenta magnífica para "dar uma mãozinha" à História, não é?
Gostaria mesmo é de ter "batizado" este blog plagiando Roberto..."o importante é que emoções eu vivi!"
Talvez esse fosse o nome mais apropriado mesmo.
Não serei fiel à cronologia.Minhas histórias virão com lembrança,com a dose de emoção que me causaram, com a importância que tiveram na minha vida.
Para cada um que de alguma forma participou de minha vida, será uma homenagem e um agradecimento por ter ajudado a ser quem sou hoje.