Hoje li uma crônica incrível do Camões Filho, jornalista e pedagogo de Taubaté falando da Semana Santa e suas palavras aqueceram meu coração e me trouxeram doces lembranças...
As melhores e mais caras lembranças que tenho da minha infância são justamente dessa época, quando toda a família participava, "entrava no clima" como se diz hoje, sob o comando de minha avó Dulce que seguia as tradições à risca e com ela aprendíamos o que hoje, com muita tristeza constato, o que as crianças não têm nem idéia.
Para muitos, especialmente para os mais jovens, trata-se apenas de mais um feriadão com direito à praia e muito chocolate.
Mas, para nós eram dias tão intensos,tão importantes....
Nossa família ia para Campos do Jordão.
Durante toda aquela semana, não assistíamos à TV, não ouvíamos música que não fosse as orquestradas (no rádio só tocavam essas).Vovó cobria os espelhos da casa toda com um pano roxo,não se comia carne e não se usava tesouras (só não me embro bem por quê da tesoura)
Na sexta-feira santa, a família toda se reunia e era dia da bacalhoada especial da vó, do peixe ao escabeche da tia Madalena, cuscuz de sardinha que só Chiquita sabia fazer e o prato principal, o cozido (que eu nunca gostei) mas que fazia meus tios lamberem os beiços.
Mas, para mim, os momentos mais marcantes aconteciam na Sexta-Santa, quando íamos à procissão.
Um frio danado mas a gente nem ligava.
Sempre fui às lágrimas, num misto de emoção e medo, quando Verônica entoava aquele canto triste ao enxugar o rosto de Jesus carregando a cruz.
Depois fazíamos aquela visita ao Senhor morto que sempre me cortou o coração.
Esperávamos acordadas a meia noite, para ouvir o repicar dos sinos de todas as igrejas da cidade anunciando a Aleluia! a Ressurreição do Senhor.
Era uma explosão de alegria pois enfim chegava o Domingo de Páscoa, uma festa sem igual para nossa família, com pernil assado,de porco e de carneiro, maionese feita em casa, mita comida boa e, é claro, para nós, as crianças, a caça aos ovos de Páscoa que o coelho sempre escondia muito bem.
Por tudo isso, ao comentar a crônica do jornalista hoje, eu disse que acho realmente que nossa vida era mais bonita...
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